Como vocês estão? Espero que muito bem ❤️
"A dica de hoje é a Biografia de "Catarina, a Grande" que vai falar sobre um princesa simples, praticamente anônima que se transforma em uma mulher com mãos de ferro que comanda e revoluciona a Rússia, que retira a coroa do próprio marido.
Título: Catarina, a Grande: retrato de uma mulher
Autor: Robert K. Massie
Tradutora: Ângela Lobo de Andrade
Editora: Rocco
Ano: 2012
Páginas: 640
Sinopse: "Uma obscura princesa alemã é levada para a Rússia aos 14 anos de idade para casar-se com Pedro III, herdeiro do trono. Prisioneira de um casamento infeliz, Catarina conduz um golpe que irá depor o marido, além de levá-la à coroação, dando o primeiro passo para entrar na história como uma das mais poderosas e marcantes personalidades femininas de todos os tempos. Dona de uma mente brilhante e de uma curiosidade insaciável, Catarina governou por 34 anos, desvendando os mistérios e intrigas da corte. Robert K. Massie soma anos de dedicação à história russa. Famoso pela biografia de Nicolau e Alexandra, os últimos Romanov, neste livro ele revela passagens dos diários e de cartas da czarina, pintando um retrato fascinante de Catarina, a Grande. Vencedor do Prêmio Pen/Jacqueline Bograd Weld 2012 de melhor biografia."
Sofia Augusta Frederica, nome verdadeiro de Catarina, inicia sua trajetória aos 14 anos, vivia na Alemanha é enviada á Rússia a mando da Imperatriz Elizabeth, filha do czar Pedro, o Grande, para casar-se com seu sobrinho e futuro imperador, Pedro III. Assim como todos os casamentos reais sua obrigação seria gerar um herdeiro o que garantiria a linhagem dos Romanov sobre o comando do império russo.
Mal imaginava Catarina que sua vida se transformaria em um calvário, o casamento era uma verdadeira prisão, era vigiada 24 horas por várias pessoas que queriam mantê-la afastada de tudo inclusive da política a única proximidade permitida era do marido.
Pedro III nem chegava perto dela, durante 9 anos não a tocou, sendo assim o primogênito chegaria apenas quando Catarina já contava com quase 23 anos, e o que é pior o filho foi fruto de um caso extraconjugal, inclusive incentivado pela própria Imperatriz Elizabeth.
Isso acendia as intrigas palacianas que enriquecem a Biografia, o livro se torna interessante e impressionante. A pobre não pode escolher nem o nome do próprio filho e também não o vê por uma semana. A imperatriz domina a situação após o parto e cria o garoto como se fosse seu.
Catarina só vê uma saída para sua vida claustrofóbica ler, aumentar seus conhecimentos, os livros eram seu único refúgio, passou a devorar tudo que se referia aos filósofos do Iluminismo, se torna pupila de Montesquieu, Voltaire e Diderot, o que moldará suas ideias e visões políticas por anos.
Pedro III seguia odiado em todos os lugares possíveis, seu reinado não durou muito, sentiu o “gostinho” de se sentar no trono por apenas 6 meses, era mentalmente incapaz possuía distúrbios psicológicos gravíssimos, Catarina com a ajuda do exercito o afasta do poder. Inteligentíssima ao longo dos anos conquista o povo russo, o que o marido jamais o fez, e no momento oportuno dá um golpe de Estado, contava com 33 anos de idade.
“As pessoas me conhecem muito pouco. Não sabem que se opor a mim é o mesmo que me encorajar, e que cada dificuldade que colocam no meu caminho é um incentivo a mais.”
Catarina se sobressaiu por ser a imperatriz que expandiu o território russo pela Europa, solidificando também o comércio e as relações exteriores. Reformou a política e deu voz a uma sociedade majoritariamente fundamentada na escravidão, fundou universidades, hospitais, abriu as fronteiras da arte e da ciência e tornou-se a maior colecionadora de obras de arte de toda a Europa do século XVIII.
“Uma emancipação geral do jugo insuportável e cruel não vai ocorrer… mas se não concordarmos com a diminuição da crueldade e a melhoria da posição intolerável da espécie humana, então, mesmo contra a nossa vontade, eles mesmos a conseguirão, mais cedo ou mais tarde.”
Ninguém nunca descobriu o motivo de Pedro III ter repulsa por Catarina, e todos os seus filhos muito provavelmente não possuíam o verdadeiro sangue real, foi uma mulher de muitos amantes e pasmem era incentivada pelo próprio marido que nunca a desposou realmente. Catarina era carente de afeto, amor e cumplicidade, necessitava de atenção e um homem para acalentá-la na cama e fora dela, uma governante com punho de aço, mas também movida pelas paixões e pelo desejo ardente de amar e ser amada.
“Não posso passar um dia sem amor”.
Apesar de ser uma biografia, esta obra também poderia ser chamada de romance épico por possuir vários elementos típicos, as fontes de Massie são cartas, leis, despachos de diplomatas, além de diários de Catarina, e as descrições de cada uma das pessoas são tão reais que ficamos íntimos de cada um.
A escrita de Massie é impactante e intensa e não se torna maçante apesar das 640 páginas, por meio de um relato forte e empoderado, repleto de traições, conspirações, derrotas e conquistas, nos apresenta o motivo pelo qual o nome de Catarina ficaria gravado para sempre na história.
“Ela sentava no trono de Pedro, o Grande, e comandava um império, o maior na Terra. Sua assinatura, escrita em um decreto, era lei e, se ela quisesse, poderia significar vida ou morte para qualquer um dos seus 20 milhões de súditos. Era inteligente, uma grande leitora, e uma juíza perspicaz de caráter. Durante o golpe, tinha mostrado determinação e coragem; uma vez no trono, revelou uma mente aberta, disposição para perdoar, e uma moralidade política fundada na racionalidade e na eficiência prática. Ela suavizou a figura imperial com senso de humor e uma língua afiada; na verdade, com Catarina, mais do que com qualquer outro monarca de sua época, havia sempre um grande espaço para o humor. Havia também uma linha a não ser cruzada, mesmo pelos amigos próximos.”
Massie levou oito anos para completar o livro, e o resultado é uma união perfeita entre a pesquisa minuciosa do biógrafo e a maestria narrativa do romancista. Ao fim, depois de acompanhar a jornada da princesa alemã que se torna uma das monarcas mais poderosas do seu tempo e última imperatriz da Rússia, sentimos saudade dessa grande figura.
"Meu orgulho natural tornava intolerável à ideia de ser uma pessoa sofrida. Eu costumava dizer que a felicidade ou o sofrimento só dependiam de nós mesmos. Se a gente se sente infeliz, supere isso e aja de modo que a felicidade seja independente de todos os eventos externos."
Uma biografia fantástica, adorei apesar de Catarina ter sido considerada uma tirana trouxe muitas contribuições para a Rússia, e apesar dela ter odiado o apelido imposto, mereceu sim ganhar o título de “ A Grande”.
Beijocas,
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