"A tristeza igualava todos os seres, refletiu Grange."
Hello Pocket!!
Hoje venho falar de um livro que mexeu muito comigo, porque ler sobre o sofrimento de mulheres destrói meu coração, e ainda mais com a brutalidade e realidade que a autora nos apresentar o sofrimento diário de algumas mulheres, e por mais difícil de acreditar é baseado em fato real, a mãe de uma amiga da autora passou pela mesma situação.
Essa foi minha primeira experiência com a escrita da autora, mas ela me conquistou por mostrar uma história de 1950, mas que ainda infelizmente vemos em pleno 2020.
Título: A terceira vida de grande Copeland
Autor: Alice Walker
Editora: Jose Olympio
Ano: 2020
Nº de páginas: 336
Classificação: 4.8Sinopse: A terceira vida de Grange Copeland, primeiro livro de Alice Walker – vencedora do Prêmio Pulitzer de 1983 pelo livro A cor púrpura -, revela o cotidiano de uma família negra no Sul dos Estados Unidos, por três gerações. Oprimido pela estrutura racista do condado de Baker, o trabalhador rural Grange Copeland abandona família e amante para ganhar a vida no Norte, mas retorna, após passar por experiências transformadoras, decidido a nunca mais conviver com pessoas brancas. Grange refaz sua vida, torna-se fazendeiro, mas tem que lidar com as consequências de suas escolhas no passado. Escrito com linguagem poderosa e precisa, o livro trata de violência – racial, social, familiar, contra a mulher -, mas também da força humana, capaz de mudar uma realidade inóspita por meio do amor e da ação no mundo. (Editora Record)
Resenha:
A história não é fácil de ser lida, mas é uma história que é necessária, no início temos a visão de Brownfield, uma criança negra de 10 anos, que relata a saída da visita dos tios, que moram na Filadélfia, e faz comparação com sua vida no condado de Green na Geórgia.
Ele vai falando de como teve que se criar sozinho para seus pais trabalharem, aos 6 anos já cuidava da fazenda e aos 10 já era empregado na plantação de algodão.
Ele relata até o momento onde chega aos 15 anos, e sua vida muda, pois seus pais não são os mesmos. Grange tem uma dividida enorme com o patrão, mas gasta o dinheiro com bebida e mulheres, e a mãe Margaret acaba saindo com o marido e após isso arranjando amantes. Ela tem um filho, que acaba tendo que se cuida por Brownfield. Porém, o pai Grange abandona a família, e Margaret acaba tirando a própria vida.
"Brownfield deixou de olhar para o pai e para a casa e se voltou para a mãe, que passava a mão nos olhos. Ele se sentou de cara fechada, tomado por um descontentamento recém-descoberto. Estava triste por ela e se sentia amargamente pequeno. Como poderia suportar perdê-la, para o pai, para a morte ou para a idade? Como sobreviveria sem sua força dócil."
Brownfield fica sozinho e tem que se virar, e como acredita que no Norte, os negros tem mais oportunidades sai andado para ir, pois não deseja viver igual ao pai.
Vamos acompanhando a trajetória de Brownfield, que acaba ficando pelo caminho, encontra uma mulher mais velha e acaba se envolvendo com ela e a filha, porém a vida não é fácil, pois ele se sente sendo usado e talvez ele seja um substituto do pai.
Nesse momento conhecemos Josie, que "acolhe" Brownfield. Ela tem sempre o mesmo pesadelo, e ela relata a vida que teve, de como se submeteu ao pai e aos "amigos". O quanto se humilhou para ser aceita pelo pai.
"As lágrimas e os gemidos de penitente contínua eram dela,
como se tivesse sido responsável pela primeira vez que a filha fez amor com o namorado da adolescência e pelo estupro mal disfarçado que se seguiu por parte de todos os outros."
Mas ela foi forte, determinada e construiu seu próprio negócio (um bar) e cuidou da filha sozinha porém é cega de amor, e acaba sempre se submetendo a um homem.
Ela acaba vivendo com Brownfield e compartilha ele com a filha, porém Brownfield acaba se apaixonado pela sobrinha de Josie. A larga para casar-se com Mem.
Mem é uma moça inteligente, tímida e que sonha em ter sua própria casa, dar aulas. Mas acaba caindo nos encantos de Brownfield. Nesta parte criamos um ódio por Brownfield, pois no início do casamento é maravilhoso para Mem e a filha, mas vamos percebendo o quanto ele é fraco e alcoólatra, tudo que acontece com ele culpa a esposa, e acaba descontando nela, onde o corpo de Mem virou seu alívio.
A vontade é de matar Brownfield, pois além de ser fraco, se submete as vontades do patrão branco, mesmo não existindo mais a escravidão, porém os negros ainda são tratados como inferior. E toda a raiva que Brownfield sente desconta em Mem.
Passa alguns anos, Grange retorna do norte, e se casa com Josie, e vai tentar ser um pai melhor para Brownfield e cuidar da nora e das netas.
Porém vira uma briga grande entre os dois, onde as mulheres envolvidas que saem na pior, machucadas tanto fisicamente quanto psicologicamente.
"Seu ódio pela brancura de Shipley absolvera Grange da própria culpa, e sua negritude o protegia de quaisquer sentimentos de culpa que ameaçavam surgir dentro de si."
Acontece muitos coisas fortes na história, não só a separação no tratamento entre negros e brancos. Como o tratamento em relação as mulheres que é usada tanto pelo homem branco como pelo negro, onde a mulher é subjugada de todas as maneiras. As crianças a maioria é jogada para se criar sozinha, não tem estudo e vivem em meio a brigas e abusos dos pais.
Uma história sobre racismo, violência contra a mulher, criança, segregação e sobre perdas de várias maneiras.
Umas das melhores história que li esse ano, onde o impacto é forte e você precisa parar para tomar fôlego e continua a leitura.
Você criar ranço de alguns personagens e seus sentimentos são a todo momento testados.
Simplesmente LEIAM essa história, ela é dolorosa, necessária e incrível. A autora colocou em uma história algo que não vemos sendo contado, ainda mais no período que se passa a história.
QUOTES:
"Os diáconos explorados, com piedosas mãos calejadas que surravam as esposas até a morte quando não conseguiam alimentá-las, aproximavam-se com uma expressão pesarosa."
"E eu tenho a tendência a acreditar que é desse jeito que os branco consegue te corromper mesmo quando cê nunca fez nada. Porque quando eles te convence que são os culpado por tudo, te convence a achar que são uma espécie de deus! Ocê não pode fazer nada de errado sem eles estar por trás."
"Eu sabia que era meu filho. Mem sabia que eu ia quebrar o pescoço dela se ela deixasse um branco olhar pra ela. Se algum branco tivesse batido na cabeça dela e estuprado ela, ela ainda ia levar uma coça minha! Mem entendia como as coisa funcionava."
"Os únicos rostos negros que via na televisão eram os que apareciam no noticiário."
Beijos e até mais..
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