Hoje vim compartilhar com vocês a resenha de uma obra que já rendeu muita discussão no mundo literário: Dom Casmurro do autor Machado de Assis.
Dom Casmurro é um romance realista publicado originalmente em 1899, narrado em primeira pessoa pelo personagem Bento Santiago, ou Bentinho, filho único, branco e rico que ao nascer foi prometido pela mãe para se tornar padre.
O problema é que com o passar dos anos o jovem começa a se interessar pela jovem e linda vizinha e ao ser correspondido percebe que não poderá cumprir a promessa feita pela mãe no nascimento.
"Mas a saudade é isto mesmo; é o passar e repassar das memórias antigas."
Todos os fatos são narrados apenas pela perspectiva de Betinho e isso não permite que o leitor tenha uma visão precisa dos acontecimentos uma vez que ele é bastante mimado, inseguro, ciumento e até mesmo rancoroso.
A trama é narra pela voz do personagem central, todos os eventos que se desenrolam desde que o jovem se enamora da vizinha, Capitu, e todas as artimanhas dele para que a mãe possa liberá-lo da obrigação de se tornar padre. Vemos varias vezes na narrativa o reflexo da sociedade em que o jovem cresceu e de como foi formada a fortuna familiar por meio da exploração de mão de obra escrava, vale lembrar que no Brasil a abolição da escravatura ocorreu em 1888, ou seja, 11 anos antes da publicação desta obra que deve ter nascido ainda sobre a forte influencia destes eventos. O autor ainda utiliza de forma brilhante uma técnica em que o personagem se dirige diretamente ao leitor, quebrando a quarta parede, fazendo com que quem esta lendo se sinta na condição de ouvinte do personagem/narrador.
"Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar;"
Por outro lado este mesmo personagem é bem pouco confiável, pois como já mencionado, os fatos muitas vezes são analisados a partir de sua visão do mundo, e Bentinho preocupa-se apenas em narrar a sua verdade.
Como os capítulos são curtos, este pode ser um livro bem interessante para quem quer começar a ler nossa literatura clássica.
No final do livro cheguei à conclusão de que não ouve traição e sim a insegurança de um homem machista fruto de uma sociedade também machista.
Além de acompanhar a historia no livro físico eu também aproveitei para ouvir o livro no app TocaLivros, por sinal a narração do Rafael Cortez é muito gostosa de se ouvir e dá para testar gratis por 15 dias.
Houve ou não traição?
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