A resenha da vez é de um autor consagrado: João Guimarães Rosa. O livro com 3 novelas: “no Urubuquaqua, no pinhém”, reúne 3 histórias que se passam em Minas Gerais, nas regiões que dão nome ao livro, iniciando pela capa, a arte já nos dá uma ideia do que iremos vivenciar na obra, todo o clima do Interior e seu universo, dos vaqueiros, da fauna e flora e a linguagem (tanto que é possível sentir o cheiro de terra batida e o cafezinho com leite de vaca às 6h rs), tudo é descrito com muita precisão e conhecimento do autor, e falando da linguagem, ela tem um aspecto único na obra, pois Rosa usa e abusa da fonética do interior, e isso pode ser difícil pra ser compreendido por quem não tem conhecimento dessa linguagem interiorana, eu mesmo tive bastante dificuldade de compreender muitas palavras ditas ali (o que facilitaria se tivesse notas de rodapé), mas graças ao Google, não é algo que não pode ser sanado com uma boa pesquisa e interesse (o bom que você aumenta seu repertório de sua língua materna).
As 3 novelas se interligam pela presença dos Idosos na trama, são as experiências de vida deles que dão o tom e o desfecho nas 3 histórias. A primeira é “O recado do morro” que conta como um grupo de vaqueiros durante uma viagem ao Rio São Francisco, conhecem um velho na trilha que diz escutar a voz do morro, e desse encontro, o rumo na vida de Pedro Osório irá mudar pra sempre!! No final do livro tem um artigo sobre a construção linguística e literária dessa história, achei muito interessante e só demonstra a complexidade que pode ter um escrito de Guimarães Rosa, complexidade inclusive que senti bastante ao ler essa narrativa, das 3 eu a considero a mais difícil de se absorver só com uma leitura.A segunda novela é “Cara-de-Bronze” na qual vemos os últimos dias de um homem, que entre seus desejos, pede para um de seus vaqueiros viajar para Urubuquaqua e lhe trazer certas repostas, o sentimento de vida vivida e saudade nesse conto é maravilhoso e nos leva a refletir bastante sobre nosso tempo existencial.
A última novela (e pra mim, a melhor das 3 e que só ela já vale o livro todo) é A estória de Lélio e Lina, na qual entramos na vida de Lélio do Higino, um jovem vaqueiro que vai para o pinhem em busca de sustento e sentido de sua vida após se apaixonar frustramente por uma Sinhá, no pinhém ele conhece uma sábia senhora, Dona Rosalina que com sua voz e jeito doce junto com toda sua sabedoria, irá orientar o caminho deste jovem vaqueiro nessa nova realidade e mudará pra sempre o seu destino. A estória é linda, trabalha de forma cativante a dicotomia que existe entre os dois,A Idade e a experiência de vida, senti uma relação muito próxima que construímos com nossos avós por exemplo, é magnifico como o o autor consegue transpor toda essas emoções, as dificuldades dessa realidade brasileira que ao ler, sentimos que vivenciamos tudo isso, que fazemos parte de realidade, faz ela ser distante e próxima ao mesmo tempo!!!
Você já leu essa obra ou outra do autor?
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