Hello Pockets, como vão ? Aproveitarmos bem o feriado?
Terminando a maratona de Variável do #fdl da queira amiga @carolnery trago para vocês a última obra. Amo além da vida livros que se baseiam em cartas, diários, e este é recheada como o titulo já deixa bem claro de cartas da autora para sua avó materna, Antônia.
O escolhi para minha maratona porque admiro demais Djmaila, e ela se encaixava perfeitamente no tema: autora que samba na cara da sociedade, seus outros títulos também são exemplos disso. Djamila Ribeiro deixa de ser a mulher guerreira, feminista, filósofa, e passa a ser apenas a neta de Dona Antônia, porém sem deixar sua essência lutadora de lado.
“Mudar a forma como a dor se manifesta não muda o que ela causa.”
Este livro é delicado e mexeu demais comigo me trouxe a memória a minha relação com a minha amada avó materna, senti em cada uma das palavras o afeto de Djamila por Dona Antônia assim como o meu imenso amor por minha avó Barbarina.
“Os abraços e apertos de mão continham a benção que as mais velhas dão às mais novas, como eu sempre pedia a você e à minha mãe antes de dormir”.
Uma leitura intimista, que expõe dores, angústias e vivências pessoais da autora, descritas em tom de desabafo à avó que faleceu quando ainda era adolescente.
“Essa imagem de mulher negra forte é muito cruel. As pessoas esquecem de que não somos naturalmente fortes. Precisamos ser porque o Estado e a iniciativa privada são omissos e violentos. Restituir a humanidade também é assumir fragilidades e dores próprias da condição humana. Somos subalternizadas ou somos deusas. E pergunto: quando seremos humanas?”
Avós são ótimas ouvintes, as melhores companheiras, aliás mestras formadas pela universidade da vida. Djamila relata que ao lado de sua irmã, eram as únicas garotas negras da escola, fala ainda de como lidou com a morte de seus pais com apenas um ano de diferença buscando nos estudos quebrar o círculo vicioso de décadas de que mulheres negras só poderiam se tornar empregadas domésticas, estigma estabelecido pela sociedade patriarcal doente em que estamos inseridos.
“Preparar para a vida, quando se trata de uma criança negra, é ser brutalizada o bastante para aprender a lidar com a brutalidade do mundo. É um ciclo que se propaga impedindo a gente de ser, somente ser.”As cartas são carinhosas, é explicito o amor por sua avó, um belíssimo desafogo de como a sociedade racista e machista moldou seus ensinamentos para Djamila e suas filhas. O livro também fala sobre questões religiosas outro tabu que ainda permanece enraizado nas pessoas, Dona Antônia incentivava o resgate da matriz afro.
“Passamos a vida culpando as mulheres que nos criam, assim como muitas vezes culpei minha mãe, sem olhar para quem nos tira o chão, a casa, as oportunidades.”
“Aqui eu quero cortar as correntes que nos unem pela culpa. Cada uma fez o que sabia fazer. Cada uma fez o que foi possível”.
“Algumas mulheres me achavam louca por não me sentir preenchida com a maternidade e a vida de casada. Amava ser mãe …, mas detestava o que se entendia por maternidade: a abdicação da nossa existência como sujeito.”
“Penso que amar é ser suave com a diferença do outro.”
Impossível não derramar várias lágrimas ao encerrar a leitura este livro nos toca profundamente nos deixando inúmeras mensagens.
Beijinhos e inté😘
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