Hello Pockets, como vão? Espero que super bem, esta semana trarei para vocês os quatro livros do desafio do mês de maio do @amigosdaleituraoficial. Os dois primeiros falam sobre “Mãe”, o primeiro lido foi “Açúcar Queimado” de Avni Doshi , nas palavras da autora “maternidade é uma palavra tão grande, tão expansiva — que quase não significa nada”.
Nesta obra conheceremos o sentido total da palavra, os avessos e os direitos da maternidade bem como sua desconstrução em um País bem peculiar a: Índia. Antara, nossa protagonista e narradora, já nos apresenta a sua genitora. Nos deparamos com sua mãe, Ma, que em decorrência de uma doença degenerativa está perdendo a memória.
“Não há modo de fazê-la lembrar do passado, não há como cozinhá-la lentamente em sua culpa”
Antara nos revela seus sentimentos antagônicos perante sua mãe, deixando bem claros os sentimentos ambíguos que nutre.Recém-casada, Antara se submete a cuidar de Ma, levando à sua casa. O que é muito comum na cultura indiana, mas nem por isso é afável, visto Ma também possuir sentimentos para lá de antagônicos por sua filha, não faz questão de escondê-los, o que torna tudo muito pior. Ma, em um ataque de fúria, entra no estúdio de Antara, que é artista plástica, coloca todos os seus desenhos em uma lata de lixo e ateia fogo.
“Olho para Ma. Seus olhos se fecham quando o carro freia. Gostaria que não fôssemos tão fracassadas”.
Alternando passado e presente, na busca incessante de recuperar a memória de sua genitora, Antara relembra momentos bem doloridos e delicados o que nos faz entender perfeitamente a linha tênue existente entre o amor e o ódio sentidos. As memórias por mais cruéis e duras que sejam nos revelam o que passaram juntas e o que isso representa nos dias de hoje na vida de ambas. Uma obra que escancara, não resume e nem esconde, um livro autobiográfico que todos deveriam ler. Antara o que já foi perdoada ou esquecido e também o que continua sendo uma ferida latente.
“Nunca estarei livre dela. Ela está na minha medula e eu nunca estarei imune.”
Há entre Ma e Antara um conluio muito acima da descendência de sangue há uma cumplicidade amarga. Em ‘Açúcar queimado’, se para a mãe sobra a maior fatia de raiva, sobra também a maior fatia de afeto”...Queridos e o que dizer mais sobre esta obra estupenda, leiam e percebam se este açúcar queimado tao bem escrito e explícito é passível de se transformar em um adorável caramelo.
Deixo aqui alguns quotes para refletirem um pouquinho sobre esta relação tão intensa, dura, cruel e ao mesmo tempo necessária, amorosa e palpável:
“Minha mãe sabia que os casamentos em geral eram infelizes, mas ela era jovem e não havia metabolizado totalmente a ideia de que essa seria a sua realidade. Ainda acreditava que era especial, excepcional e tinha pensamentos que ninguém mais tinha.”
“Como poderei cuidar dela se a mulher que conheço como minha mãe não estiver mais morando no seu corpo? Conto a ela coisas que ninguém mais sabe, porque tenho certeza de que ela não vai se lembrar. […] que fiz uma mala pequena, peguei meu passaporte e algumas joias e o deixei certa manhã. Que fiquei sentada no carro o dia todo e mordi a pele até deixá-la em carne viva, apenas para voltar para casa a tempo do jantar.”
Beijinhos e inté..
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